AmarElo

    O costume costuma cegar mas gosto de ir contra a maré, comemorar cada gol do Vasco como se fosse o primeiro ou como se fosse o último (às vezes sinto que realmente pode ser).
Não atravessei a ponte da Frei Serafim o suficiente para perder o frio na barriga ao olhar pra baixo.

  Hoje parei para observar o meu redor, há quadros na parede, tão difundidos no quarto como se cada um estivesse lá desde sempre, apesar da posição de destaque a vista, não repousa com a atenção devida.
Eles resumem textos longos, uma imagem para alguém que sempre precisou de linhas a mais. 

A poesia está em ver os detalhes e com isso o que devia ser um rabisco está em destaque como minha obra de arte mais valiosa.

A bola furada de futebol americano fica em cima do armário, sempre no alto mas já não voa.

O raio-x que fica ao lado do espelho
Olhar para si, dentro de si.

Há cicatrizes algumas na pele, outras não.
A chuteira no canto aguarda o Futebol de quinta feira.
Não se contabiliza as vitórias, jogar ao lado dos amigos é o melhor prêmio.
Mas estamos contando os Gols e assistências.

  Os livros na estante são como se fossem os tijolos que formaram que sou e lembrei do Orkut, perfil em construção.
Aos poucos vão surgindo novas coisas
Que um dia vão ter muito significado

   Falei tudo isso para dizer que lembro desse prédio como plano de fundo de diversos dias, como quando fui fazer o exame para tirar a carteira, os jardins suspensos e suas janelas amarelas, me perguntava o que acontecia ali dentro, mas há epifanias, sempre tem aquela música que conhecemos há anos mas só faz sentido ao conhecer um certo alguém e mais do que entender as metáforas do amor nas canções populares, é como se as cores ficassem mais vivas e aquele prédio pelo qual passávamos todo dia, ganha um destaque.

  Talvez você conheça a referencia do guarda chuva amarelo, mas para mim hoje ver essas janelas amarelas me lembram que estou a caminho da sua casa e se vou lhe encontrar as 16, desde às 15 sou feliz.

(Foto: @Hey.liss)

L.