quarta-feira, 29 de julho de 2020

Sobre duas rodas.

     Em dias como hoje tudo o que eu queria era pegar a bicicleta e pedalar até o parque para sentir o verde, jogar bola com os garotos que ali estivessem, deitar na grama, ler um livro, voltar para casa cansado o suficiente para não pensar tanto, pode até ser que seja solitário andar por entre gente, mas o anonimato é menos sufocante que o quarto.
     E com isso a mente que viaja, no tempo e espaço. Nasci em Carajás uma cidade muito pequena, tão pequena que não era uma cidade, acredito que o termo seja núcleo urbano, somos Plutão diante do sistema solar, pode se pensar como uma grande condomínio, o que significa que minhas lembranças são de casas sem muro e com jardins, segurança para acampar no quintal com uma barraca do Gugu e bicicletas como um meio e transporte que nos levava a cada canto, exceto um.
     Lembro das viagens de trem que sempre me conectaram a Teresina, dos mineiros que falavam trem e de especial de uma menina.
    Houve um texto que nunca saiu, quando eu estava andando de bicicleta e saiu a terceira temporada de Stanger Things, com varias referencias de It e isso me lembra uma historia. 
     Certa vez, estávamos sentados na calçada a noite e os garotos mais velhos contavam a lenda de que na ultima rua, havia uma pintura de um palhaço que se você olhasse para ele ganhava vida e lhe matava.
Por motivos óbvios, se estou escrevendo hoje é por que nunca fui conferir. 



Luan


terça-feira, 14 de julho de 2020

Suco de maracujá

   Quando criança sempre recusei o picolé ou qualquer outro tipo de sobremesa, na minha mente não queria me acostumar com nada que eu pudesse perder, a exceção era a cocada após o almoço de domingo que comia com minha mãe assistindo os filmes locados pro fim de semana.
   Voltando ao ponto, duvido que meu sacrifício tenha alterado as financias dos meus pais ou que tenha me tornado mais forte para as adversidades, acho que alguns prazeres são efêmeros mesmos, por melhor que seja o almoço não substitui a janta.

Ah entretanto sempre uma exceção né? É o que dizem...

   Lembro de umas dezenas ou centenas de beijos, que infelizmente não chegaram a ser milhares de beijos em 2015 que apesar de efêmeros, como conjunto acabaram tendo significado que sobreviveu como uma lembrança boa pois quando eram vividos, cada fim de beijo era o convite para o próximo, sensação que sinto ao comer nutella, uma colherada seguida da seguinte pois a sensação é muito breve e na tentativa de estende-la acaba-se o pote.
   Talvez certas coisas sejam tão efêmeras que só fazem sentido em conjunto, se você for somente um dia a academia, não terá resultados, os crimes habituais se só houver uma única conduta se torna atípico.
  Hoje em dia, gosto de guardar o chocolate pra depois, para ser combustível em um dia ruim mas se estou na vontade não deixo pra depois, na incerteza do amanhã é importante ir dormir satisfeito.
  Claro que ao mesmo tempo é importante ir plantando sementes para colher depois, o equilíbrio seja a ser a chave, viver o dia como se fosse o último na esperança que não seja.
   Se eu pudesse ter dado um conselho para mim mesmo, diria para tomar sorvete tranquilo.

   Queria que um eu do futuro esteja escrevendo algo como foi bobagem se preocupar tanto e que as coisas acabaram dando certo e que eu devia ter ficado mais tranquilo.

Até lá vou apreciar o prazer momentâneo de um suco de maracujá




Luan 

Prolixo

   Fui uma criança muito tímida e hoje não diria que isso mudou, antes de falar em público repasso mentalmente mil vezes até me sentir seguro, e por isso acho engraçado, (expressão que muitas vezes vem seguida de algo que não é engraçado mas nesse caso me arranca um sorriso) que nos grupos do whatsapp eu seja conhecido pelos áudios grandes e por ter muito a falar, é engraçado pois passo grande parte do dia calado, quando eu falo por fim é uma explosão de teorias e histórias que são bonitas demais para se renderem ao esquecimento, havia uma garota que recebia esses mesmos áudios que beiravam meia hora mas faz tempo.
   Podcasts tem sido algo que tem me atraído bastante, principalmente sobre cinema mas não só, o fato de ocupar somente um dos sentidos permite o acúmulo de tarefas tão presente no nosso dia a dia mas também dão a sensação de está numa roda de amigos que infelizmente não é tão fácil reunir, me pego ouvindo comentários de filmes que nem assisti e gosto.
   Escrever muito nunca foi uma dificuldade, na verdade, julgo ser um defeito, sempre admirei quem consegue falar muito com pouco, com uma frase resumir tudo. Escrever também não é algo novo e começo a notar a repetição de alguns temas...Dá vontade de reescrever tudo afinal a gente aprende coisas novas e quer agregar mas poesia para mim sempre foi um álbum de memorias para revisitar momentos, são como um filme antigo, que apesar da tecnologia evoluir continua emocionando.
   Falando em filmes comecei a escrever o que senti ao assistir Toy Stoy 4, um Wood sem vaidade que contrasta com o do primeiro filme, a personagem feminina forte... enfim apaguei
   Comecei a escrever como desde criança sentia que cortar o cabelo era tão doloroso quanto ir ao dentista aos ver meus cachos no chão. Não fui adiante
    Acho difícil trocar de chuteira ou tênis, sempre usei os meus ao máximo, até a sola se desfazer, em parte por apego, em parte por demorar achar um que eu gostasse, achei fútil demais para gastar linhas...
    Devia aprender que quando se posta algo de madrugada chega a menos pessoas, mas sempre pensei melhor no silencio da noite e acho que é até reconfortante pensar que nem tudo vai ver minhas bobagens

“Se você sofresse o tanto quanto eu sofro com a solidão, se você soubesse o quanto eu preciso da solidão”

    Acabo me censurando, as vezes, acabo cortando os cachos, é preciso, mas para quem está disposto, sigo deixando pistas caso queira me seguir nessa pista.
    Nem falei sobre a perspectiva de andar de bike pela cidade, me lembra o clima de stranger things... Ainda que acabem as linhas, sempre há mais a ser dito.

Luan 

Ainda há tempo

Sempre há tempo, irmão

Ainda que seja as 2 da manhã
Ainda que tenha de sair sem relógio.

Se a saudade aperta
A porta tá aberta
Sem esperar condições ideais
Pois estas são irreais

Há tempo para correr no fim da tarde
E para não fazer nada ao decorrer do domingo
Há tempo para a correria do dia a dia
Há tempo para falar como o tempo está em falta.

Outro ponto, é que no meu ponto de vista
É que para elogiar Star Wars não preciso colocar pra baixo Star Trek
Quando falo do Vasco não coloco na conversa o Flamengo.

Ao elogiar o Cristiano não preciso inventar defeitos pro Messi
Pra enaltecer a Marta não preciso criticar o Neymar
Para valorizar o Futebol Americano,
Desdenhar do Brasileirão

Não faz sentido diminuir a causa de quem salva cães de rua falando da fome na África
O Mundo é plural
Há muito pelo que se lutar
Há muito a se admirar
Vale mais a pena falar do que se gosta
Do que não se gosta

Ainda há tempo

Luan

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Fusca Amarelo

"Por isso, mãe
Só me acorda quando o sol tiver se posto
Eu não quero ver meu rosto antes de anoitecer
Pois agora lá fora,
O mundo todo é uma ilha
Há milhas, e milhas, e milhas..."

(Humberto Gessinger)



Ou pelo menos é o que deveria ser, ficar longe é dá dois passos atrás pra poder te ver.
Mas não é isso que vejo na tevê.

Sem ninguém na rua jogando a bola que batia no portão com som de um trovão, 

Sem acordar a tempo de ver o Sol
Vi um Fusca parado!
Na frente de uma parede que me lembrava o céu.
As nuvens não são de algodão, e será que a canção que falava do metal contra nuvens falava de um portão?

Podia muito bem ser o Bumblebee, esse pensamento me deixou mais tranquilo.
Entre muros e grandes a imaginação caminhava livre.

Como se fosse uma pintura, um
Fusca amarelo numa parede azul!
Era o céu ensolarado no meio da noite!
As rodas brilhantes davam um ar de novo para o antigo,
como um Astro que existe a milhares de anos e nasce todo dia.
Que saudade tenho do por do Sol, do fim do dia, que sempre deixa uma promessa de retornar na manhã seguinte.

Sinto falta das crianças jogando bola na calçada, de ser uma dessas crianças? Talvez.

(Foto: @Hey.liss)


Luan.

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Red

   Hoje quebrei a banca, todo investimento é uma aposta, ainda que o revez seja improvável estamos sempre a mercê do rolar de dados.
   Acredito que o destino acredite que tenho sorte no Amor só de ter lhe conhecido pois o azar no jogo é evidente (Por favor, sem piadas com o Vasco, é um momento um tanto quanto delicado).    
   O que ajuda a lidar com a perda financeira é pensar que muito pior é te perder, é curioso como posto em perspectiva algumas dores ficam menores, talvez seja sorte, saber que a vida vai além do saldo na conta, nenhuma quantia compra os momentos vividos.

   Gostava de ter uma reserva para caso você decidisse viajar de ultima hora para a praia, a gente partir sem pensar duas vezes e muita vezes o improvável não acontece, penso que se esse era o fim, eu podia ter lanchado mais.


    Eu comecei a escrever um texto, contando algumas historias, Jr foi o primeiro de nós a ter uma carro e o freio de mão não funcionava e sempre que tinha um desavisado no carro o puxávamos em alta velocidade, claro que nada acontecia, ainda assim historias como essa foram ficando no passado, a responsabilidade bate na porta e aposta fica muito alta quando há gente que depende da gente.
Mas por favor, não desista do blog, um dia conto de como Ab bateu na calçada. 
    Ainda que eu não tenha feito uma introdução digna há algo que preciso deixar registrado.
    Houve uma manha que eu julgava ter começado mal, claro depois de hoje o que é um dia ruim teve um novo marco, mas no dia em questão meu carro 1.0 não conseguiu vencer uma ladeira de ré e com isso tocou levemente no reboque do carro do Pai da Danny, um carro bem caro e pude ouvir o meu instrutor da auto escola que sempre me alertava para evitar bater em carros mais valiosos, foi leve, não chegou a ser uma batida, só o suficiente para arranhar a pinta e paralisar o coração, Danny num primeiro momento quis me matar, o que eu não tiro a razão, mas tendo a situação explicada e uma vez que o carro de seu pai permaneceu intacto ela se ofereceu para ajudar a pagar o meu, o dinheiro não é abundante e quando oferecemos o pouco que temos, ele tem mais valor do que a Bolsa poderiam atribuir, ás vezes o saldo zera mas o mais importe é ter pessoas com quem se possa contar, a família que construímos pela vida.

Luan.

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Bastidores

  A primeira postagem foi em 2011, pensar nisso é surreal, não lembro exatamente como comecei esse projeto mas fico feliz de ter começado, tenho revisado textos antigos afinal nesses anos aprendi muito e tenho formatado melhor os textos de forma que preserve a essência. é uma mini viagem do tempo conversando com meu eu mais novo.
   Cheguei a 500 postagens e apaguei algumas por acreditar que o excesso tirava a atenção dos que eu considerava mais relevantes.
   Um desses textos que foram reformulados foi um de 2013, onde na onda do "Snyder cut" e "Letters" trouxe cartas inéditas, o resultado foi muito satisfatório toda via os dias seguintes foram de uma grande ressaca emocional. É como se após um bom jogo o joelho inchasse, momentos deixam saudades, é o preço a ser pago, e complica quando pagamos com juros e talvez isso não fique no poema, como doí, como ser sincero é ser vulnerável.
    
Luan