Não há tempo hábil para se ler todos os livros, assistir todas as séries e filmes, ouvir todas as canções lançadas, ainda mais quando ainda repetimos aquele álbum de 1990, por isso somos grandes playlist, quando conhecemos algo bom, queremos partilhar com quem gostamos e a combinação de referencias é única, muitas vezes as obras dialogam por mero acaso.
Boa Noite, aprendi que quando se trata de internet, nunca se sabe o horário que o leitor vai acessar o blog ainda que ele faça mais sentido de madrugada, mas a saudação se refere ao meu primeiro Mangá, Boa Noite, Pun Pun, que com certeza colocou a régua de corte lá no alto, por ser um primor visualmente, um traço que consegue expor bem as emoções e muitos quadrinhos que poderiam virar um quadro na parede. Sua temática é densa ao abordar Pun Pun, descobrindo o que é o amor, a sexualidade ao mesmo tempo que presencia um caso de violência familiar, o pequeno jovem tão de poucas palavras acaba vivendo tempestades em seus pensamentos ao acreditar que o primeiro amor frustrado teria como consequência a morte.
Na sequencia, enquanto o volume dois ainda estava nos correios, eu li, Mônica: Força, onde os autores se utilizam dos personagens clássicos dá nossa infância para tocar em assuntos delicados, nesse caso, os pais que estão na eminencia de um divorcio e a criança no meio de tal conflito. O mesmo tema mas com tons completamente diferentes, enquanto Mônica mostra sua força mental pois é um problema que não pode ser resolvido com coelhadas e consegue mostrar aos pais o que é muitas vezes esquecido, que é preciso trabalhar em conjunto para não gerar uma sobrecarga e tem um final otimista, Pun Pun, apenas se perde em seus pensamentos e imaginação e é trágico como só a realidade consegue ser.
Se você quiser parar se acompanhar o jovem Pun Pun no volume 1, não há problema, o final é digno de um fim de arco mas a historia continua e se expande, principalmente para seu tio que lida com uma culpa extrema e Pun Pun continua sendo bom com todos, menos consigo mesmo, e vai crescendo até chegar na adolescência quando perde parte de seu carisma por se rebelar e ser controlado pelos hormônios, Albert Camus fala sobre o suicídio ser a única questão filosófica verdadeira e a temática está muito presente na obra, é preciso estar bem para ler, pois de tanto se afogar nos próprios pensamentos, Pun Pun afasta as pessoas e continua (como todo adolescente) acreditando que um revés no amor significa a eterna solidão.
O volume 5, onde estou atualmente começa a se tornar aos meus olhos mais autobiográfico e chegou a mim no momento certo, pois Pun Pun, já não tão jovem assim começa a tentar dá vazão aos seus sentimentos pela escrita de um mangá, e admito que ao sentar para tentar redigir meu livro, o primeiro pensamento é que é grande demais, mas a gente não pode acreditar que é impossível sem tentar. No ultimo domingo fui visitar minha avô, após vários convites recusados de almoços de família que viram jantar, vi que é mais fácil notar o personagem se isolando do que nós mesmos, a leitura está em andamento, o livro está sendo escrito e continuo gostando de ficar no meu quarto mas ás vezes é bom não estar só.
Luan