quinta-feira, 4 de agosto de 2022

A conquista do espaço só vem depois da conquista do espelho

   Já chegando ao fim de um dia de muito trabalho dei play em Lightyear, que estreava no Disney Plus e não tive a oportunidade de assistir no cinema, é preciso se destacar que há muitos fatores para tornar um filme bom ou ruim, alguns depende somente dele, outros são externos, por exemplo, ele pode ter um bom roteiro, fotografia e montagem, mas conta muito se a gente está vendo com alguém especial ou se estamos muito cansados, no fim, avaliamos mais que o filme, a experiência.

   A minha experiência quase foi ruim e por um instante cheguei a me questionar se a Pixar finalmente havia errado, ao chegar a conclusão que não, resolvi escrever sobre. Os olhos pesados atrapalharam o filme no inicio, quando estava preocupado se eu conseguiria distinguir a voz de Marcos Mion após uma pequena polemica ao mudar o dublador do boneco que me acompanha a vida toda, pois o filme é datado no ano do meu nascimento, mas justamente por agora contar a historia do patrulheiro e não do boneco houve a mudança, não me tirou da imersão, segui, ouvindo mas o que você quer me contar?

  Há fatores que são externos mas como um quebra cabeça tudo se encaixa o filme dá continuidade a uma conversa sobre zona de conforto que tive no dia anterior e ao flertar com Interestelar mostra que há dois caminhos e cada um dos personagem escolhe um, enquanto Alisha forma uma família, uma vida e cria raízes em um planeta que ela não escolheu mas se adaptou, Buzz perde os anos como se fosse minutos em sua missão de conseguir resgatar a todos, a garganta aperta pela primeira vez ao mostrar que sua fiel amiga se foi num piscar de olhos, na vida, dificilmente lidamos com o dilatamento do tempo espaço, então se algo se foi em um piscar de olhos, muito provavelmente estávamos olhando para outro lugar. 

  Pausei o filme, dormi e em um novo dia vieram as novas reflexões.

  Uma vida depois e Buzz ainda tinha lições a aprender, se a priori ele negava qualquer novo recruta por não ter a mesma sintonia que ele tinha com sua fiel parceira, ele foi apresentado a uma nova equipe que longe dos padrões da academia buscava somar a sua maneira, Izzy, tem um grande talento de tirar da sua equipe o que ela tem de melhor. Há aquelas frases marcantes, para mim, "Você não precisa salvar a gente, precisar de juntar a gente" em determinado momento que o coletivo iria se sobrepor a habilidade individual. Para quem tiver a referencia existe um "Meteu essa" que com certeza foi apontado numa sala de cinema, como sempre referencias são um bônus que recompensa quem as conhece mas não pode deixar perdido quem estar por fora. 

  O filme faz uma analogia simples, como se come sanduiche, pão carne pão, certo? Ao quebrar o status cor , e sugerir carne pão carne, trás uma serie de argumentos justificando a escolha e questiona se antes a formula era reproduzida por ser melhor ou apenas por ser sempre assim. 

   Outra referencia valiosa é quando o "vilão'' confronta o Buzz, ele pensa que esse é seu pai, fazendo uma referencia ao filme ou a série animada? Eu não tenho certeza, mas havia a brincadeira com Darth Vader que seria o pai do herói, o famoso, Luke, eu sou seu pai.  

  Outra cena que pode ter um destaque mais individual é quando Izzy que a pouco havia confortado Mo dizendo que um erro é apenas um erro, se mostra arrasada e quando lembrada dos próprios conselhos admite que é diferente em suas palavras, "agora é comigo'' de fato, cada dor é muito particular e só acabamos entendendo a amplitude passando pela mesma situação, se a gente for para o significado da palavra empatia, vamos entender o que é se colocar no lugar do outro, não é da nossa opinião mas sim, tentar partilhar aquele sentimento que muitas vezes para fazer sentido, temos de sair do nosso lugar e muitas vezes, da nossa realidade. 


Falando de experiências a diferença do Buzz do futuro e o que é apresentado como protagonista é o contado com Izzy e sua turma, tal relação foi o suficiente para fazer que a sua ideia de sucesso mudasse, e nem me aprofundei na Izzy que enfrentou seu medo de ir ao espaço, vou me contentar em citar Coraline, "Porque - ela disse- quando você tem medo e faz mesmo assim, isso é coragem"
 

 As vezes o sucesso da missão é formar uma família, outras vezes é se sacrificar e conquistar uma campeonato, há subjetividade e o caminho se faz andando. Não há mapa para a felicidade.

  Talvez assim como Buzz, eu tenha esse habito fazer registros que ninguém vai ouvir, mas isso ajuda a gente pensar, faz parte, gosto das simetrias, da Izzy ensinando o que acabou de aprender, "vai aprender na marra" e me senti recompensando pela caneta ter sua utilidade.

Por fim, é sempre bom ver representatividade até ela ser tão comum que vamos deixar de comentar ^^ 


Luan Gabriel 04/08/22 

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