domingo, 3 de março de 2019

Queen

A beleza tem seus perigos
E como são belos seus cabelos negros
Como uma sereia encanta
Como a medusa paralisa

Há mistérios que não sou capaz de desvendar
Mas continuo (tentando) ver sem vendas
Você floresce nos campos da UFPI
E me ensina antes de padecer

A vida é (efêmera apesar disso,
Talvez por isso é) bela.
Um milagre ultra slow motion
Que captura o bater de asas do beijar flor

Assim como a rosas tem seus espinhos
Você não é indefesa
Apesar de conseguir quase tudo com o olhar
O sorriso mais letal que presas.

Quando a aurora for por do(r) Sol
Espero ter uma memória sua
De preferência mas não necessariamente nua
E vou repousar.


Luan Gabriel S.S.

"Será se alguém quer ler isso?"

No auge dos meus 18 anos eu tinha muito menos a dizer, e escrevia muito mais.
Não raro, tenho largado textos na metade ou apagado após concluir, perguntas como:
"Será se alguém quer ler isso?"

Talvez, eu não tivesse menos a dizer, foi uma época de grandes e novas experiências, fico feliz de poder reviver algumas relendo textos antigos.
E meio que isso responde a pergunta.
Escrevo ainda que para mim, um eu do passado e do futuro(presente?) conversando.

Talvez (não tenho muitas certezas)
Com o passar dos anos ficamos mais autocríticos, e notamos que nem tudo precisa ser dito e que o texto tem de amadurecer, se transformar, ser esquecido, retomado, revisado, e por fim se tornar um parágrafo de outro texto.

Comecei um sobre como é difícil ser espelho de Deus, do desafio de testemunhar, pois sei das minhas falhas.
Quando ouço que sou um bom amigo e ajudo aqueles ao meu redor (sinto o peso de me isolar as vezes)
Quando se acostumam com seu sorriso, é difícil explicar que há dias que ele fica ausente.

Sobre isso espero escrever um dia, tem sido algo que venho refletindo a muito tempo, não basta fazer as coisas certas, é preciso fazer as coisas certas pelo motivo certo.
Não vale se for para mostrar para alguém que você é bom, pra ter uma recompensa no Paraíso, tem de fazer por sentir que é a coisa certa a ser feita e sim, é mais difícil do que parece.

Pow, muitos textos bons foram sentenciados a eternos rascunhos e esse que fala deles, vai ganhando corpo, será que vai ser apagado no fim, se você leu/ler, sabe a resposta.

Acho que escrever é se expor.
Não há lugar pra fingir que está tudo bem, na escrita damos lugar a dor.
Opa lembrei de outro trecho ...mas ele foi apagado...ainda não estava pronto.

Tenho arrumado meu quarto, ou caminhado pela cidade, mentalizando o texto ainda que longe do celular e do papel.
Ih, não cheguei onde eu queria com esse texto e agora?
Acho que a falha faz parte do aprendizado.


Luan Gabriel S.S.

Hey, Mãe

Hey, Mãe eu vendi minha guitarra elétrica...
Nunca montei minha banda mas nas madrugadas ela me ajudava a escrever,
repetindo os mesmo três acordes, tentando não acordar ninguém, desafinando, desafiando o silêncio.

É um tempo que ficou para trás, junto com as certezas da juventude, quando o ponteiro do carro chegava a 100, hoje vou com calma para dá tempo de ouvir a canção até o fim.

O cavaquinho, só tem uma corda, meu pai comprou no Pará há no mínimo uma década e com essa corda tento reviver, as canções que fiz pra ti, não é a mesma coisa, muito se perdeu, e não falo das cordas! Acho que perder faz parte para entender o que é ganhar. "Se eu tivesse a força que você acha que eu tenho, gravaria no metal do minha pele o seu desenho"

Cada um deles, cada poema, mas estão gravados na minha alma, são emendas constitucionais que alteraram minhas diretrizes, quem sou!

Hoje a canção que tento dedilhar com a corda singular o que torna pra mim do início ao fim um solo, e me faz ri com o trocadilho, não é triste, não tem o "chorinho"

É alegre de gratidão pelos momentos vividos, pelos versos, com a esperança de um dia lançar uma inédita!

Músicas são atemporais.



Luan Gabriel S.S.

Legado

Gosto de registrar minhas histórias, talvez por não confiar tanto na memória que já visitou tantos lugares mas não o bastante, as vezes tenho de tercerizar e citar outros autores "Já morei em tanta casa que nem me lembro mais, eu moro com meus pais".
Nasci a mais ou menos 1.200 km daqui, em um cidade sem muros, muitas quadras, ia para escola de bicicleta, tive um casa na árvore, acampei no jardim.

Repito para não esquecer de memórias tão valiosas.

Poderia ser youtuber ou escrever rap para contar cada uma dessas histórias,
Tipo a vez que colocaram um rojão numa garrafa de vidro, eu devia ter uns 9 anos, levei a mão ao rosto e sempre que vejo a cicatriz na mão penso que foi quase...

Escrevo, escrevo sobre uma garota que quando meu neto me perguntar sobre o que é o amor, vou lembrar.

Escrevo entre peças e artigos, sobre os valores constitucionais, respeito ao processo penal, no meu TCC, na conclusão, apontei empatia como um dos principais remédios para os problemas que quem nunca leu sobre o tema, cobra por penas mais duras, voltar para forca seria um tiro no pé, retrocesso.

Nessa busca de significado, hoje me questionava, se relia o Guia do Mochileiro das Galáxias ou revisava mais um conteúdo para a OAB, é um velho dilema, ganhar a vida ou viver.

Uma das mais belas histórias vai ser de como entrei nesse projeto de flagfootball, podemos dizer que quando chegamos só tinha mato, no sentido literal, batalhamos por nosso campo, por conhecimento, traduzimos do inglês, adaptamos, suamos.

Viajar para competir. Sediar um campeonato. Não dormi na véspera. Chegar em casa com forças só para banhar e deitar. Colocar o número do dia que a vi pela primeira vez na camisa. Usar a bandana que a mãe me deu. Falha. Redenção. Euforia.

O raio x ta na parede, a medalha guardada
Não é sobre pódio, a vitória está na caminhada.
É trabalho em equipe, em um mundo cada vez mais singular.
Polarizado.

Claro que defendo minhas cores mas jogar limpo é essencial, fair play.

Espero poder contar essas histórias, espero que tenha alguém para ouvir.

Luan Gabriel S.S. 

4 elementos

Capitães de areia
Pedro Bala sem munição, sem educação
A vida não é um conto de fadas
Não é

Capitães do Mato
Sem sentido
Sem olfato ou tato
Um capítulo a não ser repetido

No Mar é Almirante
Já o Ar é livre
Correntes apenas de Ar

Vida que segue
Segue a canção


Luan Gabriel s.s.

Maré

Eu que estou indo contra a maré, costumo ir, mesmo sem saber nadar.

Com essa frase eu concluí um outro texto e agora ele inicia um novo. Dialogo comigo mesmo, dialogo com Humberto.
Poesia é ser honesto, mostrar as fraquezas
As redes sociais, mostram a vida com o melhor dos filtros
Eu só queria falar do vácuo recebido, com um gosto pior do que receber uma não
Não mereci o tempo de se digitar 3 letras.

É complicado falar dos traumas.
Da criança que presenciou algo que não compreendia
Que teve de aprender a ter o pé atrás
A calar, se recolher.
Na presença da mãe sempre somos crianças.

Eu tinha uma pessoa com quem eu compartilhava as coisas mais difíceis de ser ditas, acho que escrevo pensando nela. Ainda que provavelmente chegue a tantas pessoas e não a ela.

São riscos que a gente corre.

"Eu sonho com um tempo que as minas não tenham de ser tão fortes."
É um verso do Emicida. Em uma canção para sua mãe.

Quando mais novo, pensava na morte com um opala azul ao lado de um amigo meu, não porque a gente dirigia tão mal e sim porque com ele eu iria até os confins do mundo.
Seria fácil falar em sacrifício, pular na frente e salvar a vida de quem me deu a vida, mais difícil que morrer por alguém é viver por ela.

Não há espaço para falar das minhas falhas, pelo menos não todas elas
Mas tenho refletido muito sobre
E um dia tomo coragem de pedir desculpas
Por dá em cima.
Apesar de achar que só conhecemos alguém ao conversar pessoalmente
E talvez seja só uma desculpa que eu conte para mim

Amanhã vou jogar! Gosto do esporte, a ideia que depende de ti, que o suor, diminui a chance de derrota.
A vida não é assim.
Se ficou abstrato, foram várias coisas, misturadas, espero que nunca vire um poema discutido em sala, se virar e cair em prova, provavelmente a interpretação que o professor colocar no gabarito, vai está errada, peça para anular.

Talvez eu apague.
Mas as vezes precisamos gritar ainda que na direção do Sol para o som se propagar até chegar ao vácuo.

Comecei falando do vácuo né, pareceu um problema bem maior hoje mais cedo


Saudades dessa época.


Luan 

Derrota

Pow! Era para ter um palavrão nessa frase
Mas continuo me censurando
Talvez por entender que nunca se sabe quem vai ler
Às vezes é melhor calar

Go! O passe que não chega ao alvo
Ajoelhado, com a testa na grama
Um soco no solo
Limpo as mãos para recomeçar

A pancada dói menos que o erro de arbitragem
Dentro de campo, não é como gritar com a Tv
Mas o grito sai
Às vezes é melhor extravasar

No fim, após um banho gelado
O silencio predomina
Nem precisava perder a cabeça
Ou talvez precisasse para saber que não se precisa perder a cabeça novamente

Lutar pelo que se acredita, pelo que se almeja
Envolve suor e dor
Nada vem de bandeja
E continua sendo o fracasso o melhor professor.



Luan Gabriel S.S.